Hoje escrevo-te, escrevo-te numa
tentativa de te explicar qual foi o erro, o único erro que cometeste comigo.
Mas antes disso gostaria de falar um pouco do que mais me atraia em ti, do que
ma cativava, do que me fez querer-te mais do que podia. Desde o primeiro
momento que o teu olhar me prendeu, que o teu corpo firme me fez desejar-te.
Nessa mesma noite, consegui despertar algo em ti, sem mais nem menos dei por ti
a pegar a minha mão enquanto andávamos na rua. Dias depois já falávamos
constantemente, e precipitado ou não, os nossos corpos foram ao encontro um do
outro. Lábios unidos, paixão presente em cada movimento. Fizeste-me sentir como
se para ti aquele momento fosse o mais importante. Durante semanas e semanas
íamos ao encontro um do outro, como se tivéssemos essa necessidade, como se
precisássemos um do outro mais do que qualquer outra coisa. Por entre boatos e
confusões as coisas foram-se desenvolvendo. Sempre acreditei que uma relação
que cresce envolta de boatos de confusões é sempre mais forte que qualquer
outra. Aproximei-me, aproximei-me mais do que queria, mais do que podia. Ponderei
afastar-me de ti no caso de vir a apaixonar-me. Seria correcta contigo e não me
afastaria de ti sem te dar uma explicação. Não precisei de fazê-lo. Por uma
simples razão, não me deste tempo para o fazer, tu mesmo te afastas-te antes
que eu pudesse notar. E é aqui que entra a parte em que erraste comigo. Como
todos os homens, tu, não sendo uma excepção, és cobarde.
Vários dias te procurei, tentei
encontrar-te, todos esses dias me evitaste sem que eu quisesse aceitar que era
na realidade isso que estava a acontecer. Tentei, tentei mais uma vez, tentei
vezes sem conta. Combinávamos ver-nos e mais cedo ou mais me dizias que afinal
não dava para nos vermos, por isto ou por aquilo. Três semanas passaram e assim
continuavas, a evitar-me. Cada vez que te perguntava se não voltaríamos a estar
juntos, sempre me respondias que claro que sim. Para quê? Porque me dizias que
sim como se quisesses o mesmo que eu? Cobarde, não passas de um cobarde que
nunca teve a coragem de me dizer que não. Até mesmo no dia em que te disse que
não esperava mais nada de ti, me olhaste e não me deste resposta. Mesmo
confrontado com a realidade, não foste capaz de me dizer que não me querias
mais. É assim tão difícil dizer que não? É mais fácil ser acusado de cobardia?
Cobardia é mesmo a única coisa da qual posso acusar-te. Foste sempre correcto
comigo, até ao dia em que tinhas de me dizer e te faltou a coragem. Dia esse
que se repetiu, dei-te várias oportunidades de o dizeres e, tu nunca foste
capaz. Não te sentes nem um bocadinho envergonhado por isto?
Os dias seguintes passei-os a
pensar como seria a próxima vez que me cruzasse contigo. Se me falavas, se
fugias de mim. A resposta mais fácil, irias evitar-me, visto que nunca me deste
explicação nenhuma, evitas-me, com medo que eu te peça que ma dês. Não o vou
fazer não te preocupes. Tiveste várias oportunidades para o fazer. Fugiste de
todas elas.
Agora falando para todos os
rapazes no geral. Eu percebo o porque de simplesmente não dizerem “não”.
Provavelmente a explicação e até mais simples do que nós raparigas alguma vez
imaginámos. A mim parece-me que vocês gostam de ter uma reserva, ter outras
miúdas mas ficar sempre com uma para quando não têm mais. Não lhe dizendo que
não a quer mais, não dando qualquer explicação, as coisas mais cedo ou mais
tarde terminam, mas não ficam bem resolvidas, e coisas mal resolvidas nunca se
esquecem e voltam sempre. A miúda que deixaram sem qualquer explicação precisa
de uma e enquanto não a tiver, o assunto não está acabado. Quando de novo
precisam dela, dão-lhe uma desculpa qualquer de que se estavam a sentir presos
e precisavam de espaço e ela ai está, de novo de braços abertos para vos
receber. Parece-me que é isso mesmo. Vocês, homens gostam de ter uma mulher de
reserva para quando não há mais ninguém.
Voltando ao raciocínio anterior,
eu não sei o que nos aconteceu, mas sei que tinha de acontecer. Agora eu sei
que vou, vou e não volto. Mas tu voltas, voltas e procuras-me, mas é tarde
demais, eu não estou mais aqui.
Joana Rodrigues
Beja, 10 de Dezembro de
2011
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